Ele estava em frente ao computador. Sabia que não poderia escrever uma linha sequer. Porém, não poderia deixar de tentar. Os dias passavam e nada acontecia. O computador se mantinha intacto. Nenhuma tecla era pressionada.
Onde foi que tudo começou? Quando foi? Porque foi?
Perguntas que não deixavam sua cabeça e, por isso, nada acontecia.
Ele se lembrou da sua infância. Foram bons momentos. As suas perspectivas e seus desejos eram simples, não necessitavam de muito esforço. Ele não tinha muitos amigos. Não se importava, bastavam seus bonecos, seus carrinhos, sua imaginação e seus botões.
Depois, lhe veio a mente sua adolescência. Tempos difíceis? Nem tanto. Finalmente encontrara amigos com quem dividir suas dúvidas, seus pensamentos. Divertiam-se todos os finais de semana, skate, shows, tudo era motivo para encontrar e sair.
Chegou a sua fase adulta. Nada de especial. Trabalho, casa, casa, trabalho. Não tem filhos, esposa, amigos, parentes. Todos seguiram seu caminho, o dele, permaneceu reto, sem desvios.
Agora ele se encontra em frente ao computador. E Nenhuma linha é escrita. Nenhuma tecla é tocada.
A vida não faz sentido. Às vezes, nem mesmo a morte.
(Quantos dias passarão?)