domingo, 6 de abril de 2008

Solidão de um dia de outono

Aquilo que parecia ser impossível aconteceu, ela finalmente criou coragem. Não quis mais ficar calada, cansou de apanhar do marido. O homem que lhe pareceu ser o homem dos seus sonhos. A enganou muito bem. Quando o viu pela primeira vez, um homem cortês, fala calma, educado, bonito. Parecia que este era um daqueles homens que sempre se imagina e nunca se encontra.

Uma amiga lhes apresentou. Era irmão do namorado dela, elegante. Inteligente. E o melhor, se interessara por ela. Agora sim, ela iria se casar. Sair da casa dos pais. Viver a vida que sempre sonhou. Cuidar dos filhos, esperar o marido chegar com um jantar especial a cada dia. Comprar uma casa, com um amplo espaço para as crianças brincarem.

Tem que ser com ele, não poderia encontrar outro assim. Ele estava interessado também, que bom. Agora ela conseguiria. Escaparia dos problemas, ficaria afastada daqueles que lhe fazem mal.

Não aguentava mais as constantes brigas na sua casa, seus pais sempre brigando, a mãe alcoólatra, o pai viciado no jogo. Todos os dias as mesmas brigas pelo dinheiro. Qual iria gastar o dinheiro no vício.

Ela ainda jovem, 18 anos, iniciando a vida, já conhecia a dureza da realidade. Não conseguiria sobreviver ali por muito tempo. Quando surgiu a oportunidade, não pestanejou. Era um homem correto e honesto. Era. Até que finalmente se casaram. Um casamento simples, sem luxos, seus pais conseguiram se controlar durante a festa.

Sua mãe não bebeu neste dia. Tudo parecia melhor, agora, finalmente seria feliz. Entretanto, não foi assim. Logo no primeiro dia de casada, descobriu a verdadeira faceta do marido. Apanhou, e muito, por estar com um vestido ousado (o seu vestido de noiva).

Desde então, todos os dias, foram assim, olhos roxos, hematomas, sangue. Anos se passaram, não existiam filhos, felicidade, ou casa, morava em um apartamento alugado, mal cabia o casal.

Seus amigos, não via, seus pais, morreram. Seu marido, não queria ver. Mas todos os dias ele chegava, e parecia cada dia mais nervoso, reclamava de tudo. Nada lhe satisfazia. E sua dor, a tristeza do sonho desfeito só aumentava.

Mas enfim uniu forças para lutar. Iria denunciá-lo acabar com sua dor, desafiar seu medo. E depois? Depois procuraria um emprego, viveria do seu próprio dinheiro, não dependeria de mais ninguém, nunca mais.

E assim o fez. Foi a polícia, denunciou o marido, apresentou as provas das constantes agressões. Mudou de cidade, iniciou uma nova vida. Agora, seria o que quisesse, não mais uma dona de casa passiva e submissa. Lutaria pelos seus direitos. Pela sua vida

10 comentários:

mauro F disse...

Achei legal que vc não escreveu que ela se deu bem, que foi feliz, que tudo se tornou colorido.
O título me deixa com um pé atrás, afinal, quando foi esse dia de outono? Quando vc o escreveu, quando ela abandonou o marido ou até, quando quis aparecer na sua vida e te relatar essa história trágica.
Muitas mulheres apanham do marido, coisa horrível. É importante estar atento aos "bons-maridos" que estão por aí.
Grande abraço

Anônimo disse...

oi! Como de costume, não tenho nenhum comentário. Só queria dizer oi :)
então..
oi!

Anônimo disse...

Agora percebi que você mudou a fonte!
o que te levou a esta mudança?

mauro F disse...

autobiográfico não.
mas baseado em fatos reais.

rolou há uma semana, no Inhotim

Anônimo disse...

Muitas vezes os pais nem precisam ser alcóolatras nem jogadores viciados, basta apenas não serem atenciosos com os filhos.

Alexei Fausto disse...

Sobre a mudança da fonte, só alguns problemas com a formatação do texto.

Elisa Maria disse...

as mulheres, se elas quiserem... podem ser livres...
....
os homens também!

Anônimo disse...

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l. f. amancio disse...

olha, pensei que depois do centenário a fonte tinha secado!!
ah, uma boa história. principalmente se pensarmos amplamente, nas tão poucas vezes em que nos lançamos para um futuro incerto mas, ao menos, com esperanças de melhoria. geralmente, depois que o traseiro se acomoda, ficamos na mesma...

Anônimo disse...

Obrigado pela grande informação! Eu não teria descoberto este o contrário!